S. Francisco e a SS.ma Trindade
Mais um momento de graça, a reunião mensal de oração, formação e encontro fraterno, deste mês de dezembro, orientada pela Irmã Maria de Jesus Fraga sob o tema: “S. Francisco e a Trindade”, do qual fazemos aqui uma pequena partilha.
A Irmã Maria de Jesus, apoiada com power-point, meio essencial para ajudar, visualmente a entrar melhor na reflexão, estabeleceu, a partir de textos da Fontes Franciscanas, a relação íntima do encontro permanente de S. Francisco com o Deus Trindade: Pai, Filho e Espírito santo.
Começou por nos falar de como Deus se revela a São Francisco
Percebemos pelas Fontes Franciscanas que São Francisco foi educado na Fé Católica. Ele conhece a Deus como qualquer jovem da Idade Média pertencente a uma família de comerciantes abastados.
Compreendemos, pela narrativa da sua vida, que enquanto jovem teria uma relação com Deus, mas para além disso vemos que Deus foi-se revelando a Francisco e que este, recebendo essa revelação, se entrega totalmente nas Suas mãos. Ele abraçou cada vez mais o amor e a vontade de Deus em todos os momentos da sua vida. Mais: a partir de certa altura da sua vida, São Francisco procurou conhecer cada vez mais a vontade de Deus.
Momentos desses encontros desde logo na expedição a Apúlia, como cavaleiro, onde Cristo lhe aparece e lhe mostra que esse não é o caminho e pede a Francisco que volte para Assis, para poder conhecer a vontade de Deus.
O Deus que é Pai
E Deus continua a revelar-se a Francisco. Nem sempre do modo mais esperado, mas de uma forma surpreendente perante o Bispo de Assis
“Até agora chamei a Pedro Bernardone meu pai. Mas, porque decidi servir a Deus, devolvo-lhe o dinheiro, que atormenta a sua alma e toda a roupa que dele recebi. De agora em diante quero dizer: Pai nosso que estais no céu” (TC, 6, 20)
O Deus Filho.
Nosso Senhor Jesus Cristo, o Deus Filho, revela-se a São Francisco de um modo arrebatador.
Como não recordar o que se passou na Igreja de São Damião: “a imagem de Cristo crucificado mexeu os lábios e falou com ele. Chamando-o pelo nome, disse: “Francisco, vai e repara minha casa que, como vês, está em ruínas”.
Francisco pasma, treme, quase perde os sentidos e não atina na resposta. Propõe-se, no entanto, obedecer imediatamente à ordem recebida …” (2C, 6, 10)
O Deus Espírito Santo.
O Espírito Santo é o Deus que lhe fala e que lhe comunica o que deve fazer e o que deve pregar. “O Espírito do Senhor … sempre deseja sobre todas as coisas, o temor de Deus, a divina sabedoria e o divino amor do Pai e do Filho e do Espírito Santo.” (1R, 17, 16).
Destes momentos redescobre-se a pessoa de São Francisco perante a Trindade
São Francisco entendeu e venerou a Santíssima Trindade de uma forma única, desde a fundação da Ordem dos Frades Menores até ao fim da sua vida.
As biografias descrevem-nos vários momentos onde é presente esta adoração do Santo pelo Deus uno e trino.
Contudo é nos escritos de São Francisco que encontrei a maior inspiração para tema.
A Trindade como alicerce da Ordem e base de uma vida evangélica onde São Francisco entendeu verdadeiramente a Santíssima Trindade e viveu o Evangelho profundamente unido ao Deus Trino e Uno. E apercebemo-nos disto desde logo nas suas orações.
“Bendita seja a santa Trindade e a indivisa Unidade.” (ELD, 16)
“Tu és santo, Senhor Deus único, o que fazes maravilhas…
Tu és trino e uno, Senhor Deus, todo o bem.
Tu és bom, todo o bem, o soberano bem,
Senhor Deus, vivo e verdadeiro” (LD, 1 e 3)
Quem reza assim entende a Trindade como o Sumo Bem e vive em permanente relação com esse Deus Pai criador, com o Deus Filho Redentor e com o Deus Espírito Santo que nos esclarece, ilumina e encaminha para o Pai.
Da Carta a toda a Ordem: “Deus omnipotente, eterno, justo e misericordioso, concede-nos a nós, miseráveis, que por ti façamos o que sabemos que tu queres, e sempre queiramos o que te apraz, para que, interiormente purificados, interiormente alumiados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, possamos seguir os passos de teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e mediante somente a tua graça, chegar até ti, ó Altíssimo, que, em Trindade perfeita e em simples Unidade, vives e reinas e tens toda a glória, ó Deus omnipotente, por todos os séculos dos séculos. Ámen.” (CO, 50-52)
Aos irmãos que envia a pregar pede-lhes que a sua pregação tenha sempre presente a Santíssima Trindade e seja um permanente convite a sermos morada da Trindade Santa
Outra perspetiva fundamental em S. Francisco é a sua Fé na presença real do Deus Trindade nos Sacramentos
Na Eucaristia São Francisco vê a Santíssima Trindade. Escreve ele na carta a toda a Ordem: Jesus Cristo “… permanece indivisível e sem de modo nenhum se fragmentar, mas sempre Um em toda a parte, opera como lhe apraz, com o Senhor Deus Pai e o Espírito Santo, por séculos de séculos, Ámen.” (CO, 33)
No final da belíssima reflexão a Irmã maria de Jesus deixou a todos com uma Oração da Carta a Toda a Ordem:
“Deus omnipotente, eterno, justo e misericordioso, concede-nos a nós, miseráveis, que por ti façamos o que sabemos que tu queres, e sempre queiramos o que te apraz, para que, interiormente purificados, interiormente alumiados e abrasados pelo fogo do Espírito Santo, possamos seguir os passos de teu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, e mediante somente a tua graça, chegar até ti, ó Altíssimo, que, em Trindade perfeita e em simples Unidade, vives e reinas e tens toda a glória, ó Deus omnipotente, por todos os séculos dos séculos. Ámen.” (CO, 50-52)
Depois, como habitualmente, o nosso Assistente complementos o tema e respondeu a questões dos Irmãos abrindo assim espaço a partilhas pessoais e terminando depois com uma oração à Santíssima Trindade.
Votos de Paz e bem para todos!
Frei Albertino S. Rodrigues OFM
Assistente da Fraternidade