DEUS ENCANTO E TERNURA
Deus de encanto e de ternura
São Francisco: a sua experiência de Fé, Experiência de Deus em Jesus Cristo
No pensar humano, Deus é pensado à base de conceitos de poder, de sabedoria e de Força. É um Deus que conhece os segredos do passado e do futuro, conhece os sentimentos mais íntimos do coração do homem, É o Senhor soberano que se arroga a autoridade de julgar a conduta dos homens e definir a sorte eterna de cada um.
Para nós, teria mais valor que São Francisco curasse o leproso da doença, do que chegasse, como chegou, ao gesto de o beijar.
Somos mais sensíveis ao milagre ou outra qualquer manifestação do Poder de Deus do que á glória do Seu amor.
Isto só demostra quão rudimentar é a nossa conversão.
O Poder de Deus é muito mais assombroso no presépio de Belém do que na criação do universo. A glória de Deus é muito maior no acontecimento do Calvário do que na imensidade das galáxias.
A Eucaristia é um prodígio infinitamente maior do que a ressurreição de Lázaro.
Nestes mistérios, concretiza-se o amor e a ternura de Deus. É aí que Deus está, é aí que deve ser procurado. Esta mudança de ideias ajuda-nos a compreender melhor a experiência que São Francisco teve de Deus. Fez a sua experiência de Deus em Jesus Cristo.
“uma singular experiência de Fé em Deus no encontro pessoal com Jesus Cristo”
O rosto de Deus provoca em Francisco um encanto sem limite, porque também sem limite é o seu encanto por Jesus. A beleza do Pai, cresce com a beleza do rosto do Filho.
Na sua 1ª carta S. João refere “Deus é amor e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele” (1 Jo16)
Deus plenitude do bem
Era assim a Luz que iluminava o rosto de Deus contemplado por São Francisco em Jesus, a sua experiência, foi uma experiência de vida. No capítulo 23 da Regra não bulada diz: “nada mais desejamos, nada mais queiramos, nada mais nos agrade e deleite senão o nosso Criador Redentor e Salvador, o só Deus verdadeiro e sumo bem, Ele O único que é Bom, Misericordioso e manso, Justo Verdadeiro e reto” (1R 23,9).
Francisco não pretende exagerar, ir com as palavras para além daquilo que sente. Pelo contrário, as palavras é que não conseguem dizer o que lhe vai na alma. A aparição do Crucificado em S. Damião terá sido o momento decisivo em que através de Jesus Cristo, o Pai o feriu de amor. Outro traço do rosto de Deus que Francisco vinca com força e beleza é a majestade, que para francisco é a forma habitual de se referir a Deus “Altíssimo, Omnipotente e Bom Senhor”. Na oração que conclui a Carta a toda a Ordem, mais uma vez é esse o vocativo. “para que possamos seguir os passos de Teu Filho nosso Senhor Jesus Cristo e por Tua graça chegar até Ti. Ó Altíssimo, que em Trindade perfeita e em simples unidade Vives e Reinas e tens toda a glória, Ó Deus Omnipotente, por todos os séculos dos séculos”
Altíssimo, Omnipotente e Bom Senhor
A riqueza espiritual do Poverello aconselha a procurarmos um conteúdo mais rico e mais nobre na soberania de Deus. Nesta experiência da majestade divina vivida por Francisco, uma das facetas mais cativantes consiste nas deduções práticas para a vida dos Irmãos, porque só ELE é Altíssimo, só Ele é Senhor “nenhum dos Irmãos se chame prior, mas todos indistintamente se chamem Irmãos menores e lavem os pés uns aos outros” (1 R 6, 3-4)
Não podemos ignorar o tempo em que viveu São Francisco, mas esta colusão singela, é uma autêntica “bomba” que desmorona a pirâmide hierárquica da sociedade medieval.
Irmão António Maria Baião OFS