Hostória da OFS
História da Ordem Terceira de São Francisco (OFS)
A Ascensão da importância social dos leigos – São Francisco fundador da Ordem dos Penitentes (OFS).
1209 ou 1210- Francisco funda a Ordem dos Irmãos e Irmãs da Penitência, depois chamada Ordem Terceira de S. Francisco.
A ascensão social dos leigos vinha já do século XI, mas atingiu o seu ponto mais alto no século XIII. São Francisco não fez mais do que meter-se ele próprio no caudal deste vasto movimento e, aproveitar a sua força e influência, tornando-se um dos mais altos líderes. Por isso a Francisco e à sua vida e pregação acorrem também leigos casados e solteiros desejosos de viverem a vida de penitência e de retorno ao Evangelho. Podemos afirmar que durante o século XIII, o ideal franciscano foi o grande polo de atração dos leigos penitentes. Por isso certamente é que o Papa Nicolau IV deu ao movimento laical de penitentes uma regra incluída na bula Supra Montem, de 1289,
Na qual e pela primeira vez num documento oficial da Igreja, se reconhece Francisco como fundador da Ordem da Penitência.
De notar que S. Francisco foi o primeiro na Vida Religiosa a escrever uma forma de vida para leigos que, ao jeito simples do Poverello, queriam viver mais unidos ao ideal da Menoridade, carisma Franciscano, vivendo e testemunhando no mundo o ser irmão na vivência radical do Evangelho.
O Beato Luquésio e sua Esposa Bonadona (+1250). Casal italiano, de Toscana. O primeiro a entrar na Ordem Terceira de São Francisco. Também chamados Luquésio e Bonadona, os Bem-Casados. Juntos serviram aos pobres e doentes. Morreram no mesmo dia. Este é um casal que comeu o Queijo do céu. O culto aos dois bem-casados foi permitido em 1273.
No início, Francisco contrariou estas ideias dizendo: “Vocês são casados e vão continuar a viver juntos, mas vou dar-lhes uma regra de vida para se tornarem perfeitos”. Eles vestiram o hábito cor cinza e foram cingidos com um cíngulo dizendo: “Vocês vivem no mundo de frades penitentes, mas pertencem ao mundo” para fazer boas obras, jejuar e pregar a paz. São Francisco, pensava, já a algum tempo, numa instituição que agrupasse também pessoas leigas, homens e mulheres casados
trabalhadores, que devido ao seu estado não podiam sujeitar-se aos três votos: de pobreza, castidade e obediência; aproveitou esta oportunidades, compôs e enviou ao casal a regra da chamada Ordem Terceira da Penitência considerada e definida como “medula do Evangelho” que foi aprovada pelo Papa Nicolau IV em 1221.
No Século XVII pertencer à Ordem Terceira tornou se uma moda. O hábito torna formas ostensivas e são muitos os homens e mulheres da alta sociedade que entram na Ordem Terceira de São Francisco: reis, rainhas, nobres, eclesiásticos, políticos e escritores. As Fraternidades organizam grandiosas procissões cerimónias imponentes. A aristocracia adere à ordem Terceira um pouco por toda a europa. Em Roma a nobreza é toda professa na Ordem Terceira Franciscana. Para termos ideia em Lisboa, em 1644, havia 11.000 e, em Madrid contava 25.000 Irmãos.
Por sua vez, os Papas deste século deitam mão à Ordem Terceira para tentar reformar a sociedade. A ordem Terceira tem uma grande atividade educativa junto da classe nobres e serve-se dela para por ricos e poderosos, advogados e médicos, ao serviço dos mais pobres, na criação de hospitais e farmácias.
Nos Séculos XVIII e XIX nestes Séculos a Ordem Franciscana Secular perde o sentido penitencial, mas é dela que saem muitos homens e mulheres que fundam Institutos de vida consagrada para responder a necessidades graves da igreja e da sociedade, com a libertação dos pobres, as missões, a catequese e a educação da juventude.
O Liberalismo, o absolutismo, e o regalismo expandem-se pela europa e combatem as ordens e congregações religiosas, que país após país vão sendo extintas. Mas o século XIX acaba por ser o século dos grandes santos sacerdotes franciscanos seculares, que foram fundadores de Obras sociais e educativas e hospitais, que chegam prodigiosamente até aos nossos dias: S. João Maria Vianey, chamado o Santo Cura
d’Ars, Dom João Bosco (1815-1888) fundador dos Salesianos. Dom José Cafasso (1811-1860), mestre e formador de sacerdotes; Dom Bento Cattolengo (1786-1842) fundador da casa da divina Providência que ainda hoje existe, São Leonardo Murialdo (1829-1900), fundador da Congregação de S. José para a educação dos jovens.
Por ação de dois Papas franciscanos seculares: Pio IX (1846-1878) e Leão XIII (1878-1903), os franciscanos seculares regressam à ação social, distinguindo-se o arcebispo franciscano de Mogúncia na Alemanha. Notabilizam se os industriais franciscanos seculares, ente (1829-1915, fundam se obras sociais como a caixa de aforro e ajuda dos Operários abrem se centros de estudos sociais.
O Papa Leão XIII põe na Ordem terceira Franciscanas as suas mais profundas esperanças de uma reforma e renovação social, diz o Papa: Quero encontrar na Ordem de S. Francisco um sustentáculo vigilante. Que me ajude a defender os direitos da Igreja e a realizar a reforma social. E escreveu ainda: A Ordem Terceira de São Francisco, reorganizada para a ação social é capaz de produzir frutos maravilhosos.
Este regresso à ação social provocou uma ascensão de homens e mulheres na Ordem Terceira Franciscana.
Depois da segunda Guerra mundial e sobretudo depois do Concílio Vaticano II deu-se a renovação da OFS, assinalada pelos eventos seguintes:
1.Reflexão sobre as origens da TOF/OFS.
- Redescoberta e aprofundamento do carisma Franciscano:
- Centralidade do Evangelho, na vida fraterna, na formação e nas reuniões.
- O Frade Diretor e Comissário passa a Assistente Espiritual.
- o Diretório passa a chamar-se Conselho.
- o Governo da OFS recupera a sua autonomia frente à Primeira Ordem.
- A OFS atinge a sua unificação plena: ter uma organização e um único governo.
- Possuir uma só Regra (1978) e uma só constituição (2000).
- 9. Promoção vocacional e acompanhamento da Juventude Franciscana (JUFRA)
A organização movimentada em Itália, no final de 1200, indubitavelmente chegaria até nós, e nesse tempo se estabeleceriam as fraternidades de Irmãos da Penitência, principalmente em Bragança, Guimarães, Coimbra, Leiria, Alenquer, Santarém, Lisboa, Évora, Portalegre, Guarda, Covilhã e Porto. Mas, repita-se, não ficaram provas diretas destas organizações.
No final do século XIX, havia conhecimento de setenta e cinco fraternidades, algumas das quais sem vida espiritual apreciável, e grande parte delas sem contacto com superiores franciscanos.
Após o Concílio Vaticano II, surgiu em Portugal um forte movimento de restauração da Ordem Terceira e das suas fraternidades.
Liderados, principalmente por Frei António de Pinho, OFM e pelo franciscano secular Alfredo dos Santos Freire, muitas fraternidades foram reativadas e muitos cristãos começaram a viver o Evangelho, na radicalidade da espiritualidade de São Francisco de Assis.
Com a Regra de Vida, dada pelo Papa Paulo VI, e as Constituições Gerais da Ordem Franciscana Secular, a Ordem não mais parou de crescer em número de Irmãos e Irmãs e Fraternidades. Também a juventude abraçou este ideal de vida e nasceu a JUFRA (Juventude Franciscana de Portugal), impulsionada pelo Conselho Nacional, com a liderança destacada da Irmã Isabel Jardim de Campos.
No início do terceiro milénio a Ordem Franciscana Secular está bem implantada em Portugal, servida por um Conselho Nacional, cinco Conselhos Regionais, com 94 Fraternidades e cerca de três mil Irmãos e Irmãs.
Irmã Isabel Alves OFS
S. Francisco da Cidade