FRANCISCO ENAMORADO POR CRISTO

10 Jul 2023

Enamoramento por Jesus

Temabaseado no livro “S. Francisco Fé e Vida”, da autoria de Frei David Azevedo, Editorial Franciscana, Braga.

  1. Deus que é amor

Há 50 anos, em 1973, o Capítulo Geral da OFM em Madrid debruçou-se precisamente sobre esta questão

“Qual a razão de ser da Ordem Franciscana no nosso tempo?”

e produziu um documento intitulado “Declaração sobre a Vocação da Ordem nos Dias de Hoje”.

A questão mantém-se atual em 2023, meio século depois. A resposta dada nesse documento afirma o seguinte: “No coração da vida franciscana encontra-se a experiência de Fé em Deus no encontro pessoal com Jesus Cristo” e ainda “Sob qualquer aspeto por que se aborde – oração, fraternidade, pobreza, presença no meio dos homens – todo o projeto evangélico nos remete continuamente para a fé. As recomendações incessantes da Regra acerca da busca de Deus e sua primazia absoluta e única na vida dos irmãos, a adoração e amor que lhe são devidas, o seguir as pisadas de Cristo e a vida segundo o Evangelho, a abertura ao sopro livre do Espírito ou a oração prioritária e incessante, as motivações evangélicas propostas para todos os comportamentos dos irmãos – contemplação, jejum, oração, vestuário, pobreza, trabalho, mendicidade, alimentação – mostram que, na base de uma tal vida, existe uma experiência única de fé num Deus que é amor” (Declarações sobre a Vocação da Ordem nos Dias de Hoje e Outros Documentos Capitulares, 107º Capítulo Geral OFM, Madrid 1973, n5 p.11).

O que vamos ver neste encontro de hoje é precisamente esta relação de amor com Cristo, naturalmente baseada no modo como São Francisco vivia esse amor: o encontro pessoal e o enamoramento por Jesus. E, naturalmente, ver como podemos hoje pensar em viver o Evangelho numa relação de amor com Nosso Senho.

  1. Encontro pessoal com Cristo.

Frei David Azevedo propõe como ponto de partida para esta reflexão que meditemos em duas figuras das Escrituras:

O Profeta Jeremias fala nestes termos:

“Seduziste-me Senhor e eu deixei-me seduzir! Tu me dominaste e venceste. Sou objeto de contínua irrisão e todos escarnecem de mim. … A mim mesmo dizia: Não pensarei mais n’Ele! Não falarei mais em seu nome! Mas no meu coração a sua palavra era um fogo devorador encerrado nos meus ossos.” (Jer 20,7-9)

Em São Paulo, lemos:

“Mas tudo quanto para mim era ganho, isso mesmo considerei-o perda por causa de Cristo. Sim, considero que tudo isso foi mesmo uma perda, por causa da maravilha que é o conhecimento de Cristo Jesus Meu Senhor. Por causa dele, tudo perdi e considero esterco, a fim de ganhar a Cristo e nele ser achado, não com a minha justiça, a que vem da lei, mas com a que vem pela fé em Cristo, a justiça que vem de Deus e que se apoia na fé.” (Fil 3, 4-9)

Tanto o profeta como o apóstolo demonstram uma enorme paixão pelo Senhor. As suas palavras assim o demonstram.

Há, contudo, uma diferença no amor que sentem: enquanto o profeta exprime um amor impessoal que o obriga a falar, a lutar contra a idolatria e a proclamar a glória de Deus, o apóstolo está totalmente preso à pessoa de Jesus Cristo; “Julgamos não dever saber coisa alguma entre vós a não ser Jesus Cristo, e este crucificado”. (1Cor 2,2)

Encontro pessoal de São Francisco com Cristo.

São Francisco experimenta um sentimento muito mais semelhante ao de São Paulo neste enamoramento por Jesus.

Uma das primeiras aparições de Cristo crucificado a São Francisco de Assis, anterior à de São Damião, é esta:

“Um dia que assim se entregava à oração solitária, apareceu-lhe Cristo Jesus em forma de Crucificado, interpelando-o com estas palavras: “Quem quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). Esta passagem do Evangelho marcou-o profundamente: inflamou-lhe a alma num incêndio de amor, ao mesmo tempo que lha submergiu num oceano de amargura. Perante esta visão do Crucificado, não podia deixar de se sentir derretido de amor – mas por outro lado a lembrança da paixão de Cristo ficou-lhe tão indelevelmente gravada no coração, que daí para o futuro a trazia sempre diante dos olhos, e nem mesmo exteriormente conseguia reprimir as lágrimas e os suspiros de dor.

O primeiro passo estava dado: por amor de Cristo, já começava a sentir um certo desprezo pela fortuna da casa paterna e a vislumbrar um tesouro oculto e o brilho de uma pérola preciosa (MT 13, 44-46). Firmemente decidido a encontra-los, começou a organizar a vida no sentido de ir trocando os negócios do mundo por negócios do Céu, à boa maneira de um comerciante evangélico.” (Lm 1,4)

Aqui há apenas a presença de Jesus, ainda sem a referência à reconstrução da Igreja que ameaça ruína.

A pessoa de Jesus está em primeiro e único plano e nada mais existe. São Francisco fica extasiado perante este Deus que lhe aparece e lhe fala deste modo.

É muito curioso notar que na relação de São Francisco com Deus não há nada a não ser a pessoa de Jesus. Não há problemas sociais, nem religiosos, nem preocupações da Igreja, nem pecados, nem questões nem problemas. O mesmo Francisco que anteriormente só pensava em boa vida, festas, amigos e posteriormente em combater e conquistar a glória na guerra, agora começa a querer apenas fazer a vontade de Deus.

Tanto São Paulo como São Francisco mudam radicalmente de vida após o primeiro encontro com Cristo.

São Paulo passa de perseguidor dos cristãos a pregador do Evangelho. São Francisco deixa a vida das armas para procurar fazer a vontade de Deus e passar a cuidar dos leprosos, a reconstruir pequenas Igrejas, a cuidar e venerar Jesus Sacramentado e tudo o que este Jesus é para ele: todos os irmãos, todos os homens, todas as criaturas, toda a criação.

III. Enamorado de Cristo

 

A partir deste momento de conversão (talvez antes, mas pelo menos a partir destes encontros com Cristo) São Francisco desenvolve uma relação de encanto progressivo e de constante enamoramento com a pessoa de Jesus: uma relação de amor, apenas amor!

Poderia haver outros sentimentos em São Francisco, mas nunca um desvio para algo que não fosse Cristo. Nem sequer para a sua pessoa de Francisco. A pessoa de Jesus era o centro e o enamoramento era a forma de relação. Era assim a alma de São Francisco. Os biógrafos relatam inúmeros testemunhos do seu amor a Cristo. Em Tomás de Celano podemos ler imensos relatos, dos quais colocamos aqui alguns.

“Toda a sua alma tinha sede de Cristo: a Cristo votava não apenas o coração, mas todo o corpo.” (2C, 94)

“Os irmãos que com ele viveram sabem bem como a toda a hora lhe aflorava aos lábios a recordação de Jesus e com que enlevo e ternura sobre Ele discorria. Da abundância do coração falava a boca, e a fonte de amor iluminado, que por dentro o enchia, transbordava fora em fervente cachão. Que intimidades suas com Jesus! Trazia Jesus no coração, Jesus nos lábios, Jesus nos ouvidos, Jesus nos olhos, Jesus nas mãos, Jesus presente em todos os seus membros! Quantas vezes, estando sentado à mesa, esquecia o alimento corporal quando ouvia o nome de Jesus, ou o mencionava, ou pensava nele; e, como se lê dum santo, olhando não via e ouvindo não ouvia. Mais: indo ele de longada pelo mundo, quantas vezes meditando ou cantando a Jesus, interrompia e esquecia a caminhada, para convidar todas as criaturas a louvarem com ele o Criador! Este amor maravilhoso com que soube albergar e manter no coração a Jesus, e Jesus Crucificado, mereceu-lhe a glória suprema de ser assinalado com o distintivo de Cristo, Filho do Altíssimo…” (1C, 115)

São Boaventura escreve explicando como São Francisco amava a Jesus como forma de se esvaziar totalmente de tudo o que não seja o amor que Jesus tem por cada um de nós. “Consagrava a Cristo um amor tão vivo, e o Bem-Amado, em troca, mostrava para com ele uma ternura tão familiar, que o servo de Deus parecia sentir fisicamente diante dos olhos a presença contínua do Salvador, como por várias vezes confidenciou a companheiros” (LM 9, 2).

São Francisco vê Jesus em Tudo.  

Este amor de São Francisco por Jesus está presente na sua vida de tal forma que tudo lhe lembrava Nosso Senhor. Muitos exemplos disso são-nos relatados por Tomás de Celano

“Que alegria a sua diante das flores, ao admirar-lhes a delicada forma ou aspirar o suave perfume! Passava imediatamente a pensar na beleza daquela flor que brotou da raiz de Jessé no tempo esplendoroso da primavera e com seu perfume ressuscitou milhares de mortos.” (1C, 81)

“No meio das cabras e dos bodes havia uma ovelhinha, a andar humildemente pastando sossegada.

Vendo-a, São Francisco estacou e, com o coração tocado por uma dor interior, deu um suspiro alto e disse ao irmão que o acompanhava: “Não estás vendo essa ovelha mansa no meio das cabras e bodes? Era desse jeito que Nosso Senhor Jesus Cristo andava, manso e humilde, no meio dos fariseus e dos príncipes dos sacerdotes. Por isso eu te peço por caridade, meu filho, que te compadeças dessa ovelhinha comigo, e a compres, para podermos tirá-la do meio dessas cabras e bodes. “” (1C, 77)

“Tinha um amor enorme até pelos vermes, por ter lido sobre o Salvador: Sou um verme e não um homem.” (1C, 80)

As pedras do caminho recordavam-lhe Jesus que foi a ‘pedra angular’; o fogo evocava no seu espírito aquele que disse “Eu sou a luz do mundo”; Não queria ter cela porque Cristo não teve uma pedra onde reclinar a cabeça e todas as criaturas lhe traziam ao pensamento a pessoa de Jesus.

Jesus era em São Francisco uma presença contínua, sustentada pelo amor.

Como já vimos em Celano, São Francisco trazia Jesus no coração, nas palavras, nos ouvidos, nos olhos e em todo o seu corpo.

Apenas a pessoa de Jesus

Para percebermos ainda melhor a relação de São Francisco com a pessoa de Jesus temos de reparar noutro aspeto: a ausência de interesse pessoal no seu diálogo com Cristo e a atitude de continuamente maravilhado com o amor de Jesus por todos nós.

Muitas vezes, senão quase sempre, vemos os mistérios divinos numa perspetiva pessoal e até interesseira ou de preocupação pelo nosso destino:

  • Jesus é o Mestre que nos deixou uma doutrina para nos salvarmos;
  • Jesus é o Messias esperado para resolver os problemas da existência humana
  • Jesus é o Redentor que se ofereceu para nos salvar do cativeiro do pecado
  • Jesus é o Salvador que nos veio conquistar a vida eterna.

Para São Francisco todos estes aspetos são relegados para segundo plano. Para ele os grandes mistérios de Evangelho – a Encarnação, a Morte, a Ressurreição, a Eucaristia – são manifestações do amor de Deus. A atitude do santo perante estes mistérios é de assombro extremamente sensível:

Como é que Deus nos pode amar assim?

Fica extasiado com a imensidão de amor contida em cada acontecimento da vida de Jesus!

Vejamos alguns desses momentos e como é que São Francisco vivia cada um deles.

No Natal

No Natal, enchia-se de um amor ternura por esse Deus Filho que nos ama ao ponto de, sem deixar de ser Deus, escolher nascer menino, totalmente dependente de uma mãe e de um pai para viver, para se alimentar, para aprender a sorrir, a andar, a comer, a falar, …

“Mais do que nenhuma outra festividade celebrava com inefável alegria o nascimento do Menino Jesus e chamava festa das festas ao dia em que Deus, feito menino, se amamentava como todos os filhos dos homens. Beijava mentalmente, com esfomeada avidez, a imagem do Menino que o espírito lhe construía e, dele estranhamente compadecido, balbuciava palavras de ternura, à maneira das crianças.” (2C, 199)

Na Paixão e Morte

Perante a recordação da morte de Jesus, São Francisco vivia o amor dos tormentos suportados por Cristo e sentia de tal forma esse amor divino pleno de sofrimento que chorava.

“Um dia em que assim orava na solidão e, cheio de fervor, estava absorto em Deus apareceu-lhe o próprio Jesus Cristo pregado numa cruz. Perante esta visão, ficou-lhe a alma derretida de amor e tão profundamente se lhe imprimiu no espírito a memória da paixão de Cristo que, a partir desse momento, sempre que recordava os tormentos do Salvador, não conseguia reprimir as lágrimas e os suspiros, como ele mesmo declarou em conversa íntima pouco antes de morrer” (LM 1,5)

“O amor não é amado”

Na Ressurreição

São Francisco também se deslumbrava com a ressurreição. Escreve Tomás de Celano:

“ … Cristo, Filho do Altíssimo que, em êxtase, ele contemplava na glória indizível e incompreensível, sentado à direita do Pai com o qual, na unidade do Espírito Santo, vive e reina, triunfa e impera, Deus eternamente glorioso” (1C, 115)

Na Eucaristia.

A veneração (e o enlevo) de São Francisco pela Eucaristia está patente em muitos textos e principalmente nas palavras que nos deixa na Carta a Toda a Ordem e que já foram tema de uma peregrinação da família Franciscana a Fátima:

“Que o homem todo se espante, que o mundo todo trema, que o Céu exulte quando, sobre o altar, nas mãos do sacerdote está Cristo, Filho de Deus! Oh grandeza admirável, oh condescendência assombrosa, oh humildade sublime, oh sublimidade humilde, que o Senhor do universo, Deus e Filho de Deus, se humilhe a ponto de se esconder, para nossa salvação, nas aparências de um bocado de pão.

Vede, irmãos, a humildade de Deus e derramai diante dele os vossos corações (Sl 61,9); humilhai-vos também vós para que ele vos exalte (1Pe 5,6; Tg 4,10)

Em conclusão: nada de vós mesmos retenhais para vós, a fim de que totalmente vos possua aquele que totalmente a vós se dá.” (CO 26-29)

São Francisco vive a Eucaristia com um imenso amor-espanto pelo amor que Deus nos tem, amor de Deus que se humilha para se fazer presente e chegar até nós.

E, revendo e sintetizando aquilo que vimos até agora, temos então que o que São Francisco nos deixa é uma vida de amor a Jesus porque ele nos ama; um amor que se traduz numa relação pessoal muito íntima com Cristo; que se revela em todos os mistérios mas sempre de forma própria.

No Natal (e no presépio) é o amor cheio de ternura que Deus tem por nós a ponto de querer nascer bebé como qualquer um de nós.

No Calvário, o amor dos tormentos sofridos pelo Crucificado;

Na Eucaristia, o amor humildade do Deus que vem a nós na forma de um pedaço de pão.

É este amor que São Francisco recebe e retribui a Jesus:

amor – ternura imensa;               amor – sofrimento atroz;            amor – humildade suprema.

Ele relaciona-se com Jesus, na sua oração, naturalmente, não como mestre nem messias, nem salvador mas como amigo verdadeiramente amado porque nos ama incondicionalmente!

E vem sempre ao nosso encontro.

Para São Francisco, Jesus é uma pessoa que nos ama até ao infinito e de uma forma incondicional. É por essa pessoa de Jesus que ele se enamora e se deixa seduzir.

Com a sua vida, São Francisco faz-nos esta proposta de vida: aspirar viver o Evangelho numa relação de amor com Jesus.

  1. O Cristianismo como enamoramento.

São Francisco, com a sua vida, apresenta-nos o cristianismo como puro enamoramento. “Amar a Deus sobre todas as coisas” deve ser precisamente amar. Não é obedecer, nem cumprir, mas apenas amar.

Deve ser essa a nossa meta: ambicionar o amor de nós para com Deus para estarmos totalmente abertos ao amor que Deus tem para com cada um de nós. São Francisco conseguiu viver este amar a Deus. Ele entendeu perfeitamente que a mensagem de Jesus é precisamente passar da lei ao amor.

Eu sei muito pouco de Bíblia, mas já li (não sei onde) que o Antigo Testamento se apresenta muito como lei e os Evangelhos apresentam mais o sentimento do amor e as emoções a ele associadas como a alegria.

“Haverá mais alegria no Céu por um só pecador que se arrependa do que por noventa e nove justos que não necessitam de conversão”. (Lc 15,7)

E muitas outras parábolas de arrependimento e perdão evocam sempre um sentimento de alegria perante o (re)atar da vivência da verdadeira relação com Deus.

Estamos (falo por mim) muitas vezes mais focados na observância de preceitos e mandamentos.

Mas a Igreja, recorrentemente, procura despertar mais o amor, a fé no Deus do amor.

Este Papa Francisco tem sido um verdadeiro apóstolo de um cristianismo mais centrado no amor de Deus e na nossa atitude de retribuir esse amor, amando a Deus.

Para mim é um desafio diário e constante viver uma relação com Jesus baseada no amor de amigo. Devo dizer-vos que para mim é mais fácil, no dia a dia, entender e retribuir o amor do Pai. É delicioso e inspirador ver como São Francisco consegue mostrar-nos tão claramente que entrega a Deus é apenas deixar-se apaixonar por Cristo.

E notem bem que eu não acho que devemos todos levar a vida que São Francisco levou. Mas acho que devemos partir do mesmo princípio que ele. São Francisco coloca-se inteiramente nas mãos de Deus e procura fazer a Sua vontade em todos os momentos da sua vida. Tomás de Celano, na Vida Primeira, narra como, de volta a Assis, Francisco ia frequentemente a uma gruta nos arredores da cidade, com um companheiro e que entrava sozinho para orar. “Suplicava devotamente a Deus eterno e verdadeiro se dignasse dirigir-lhe os passos e ensiná-lo a cumprir a sua vontade.” (1C, 3, 6) Eu entendo que a vocação franciscana é amar a Deus e rezar pedindo o mesmo que São Francisco pediu: entregar-se totalmente à vontade do Senhor e pedir-lhe que guie o nosso caminho

A Felicidade do Coração.

Para São Paulo a felicidade eterna é não só uma coroa de glória: “Combati o bom combate, terminei a corrida, permaneci fiel. A partir de agora já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor, justo juiz”, mas também e principalmente estar finalmente com Jesus: “Desejo partir e estar com Cristo” (Fil 1, 23).

A relação que São Francisco mantinha com Deus era tão pessoal e íntima que até jogou com Deus como duas crianças fazem habitualmente. “Naquela chama que tu viste, estava Deus que, naquela forma, falava comigo como tinha falado antigamente com Moisés. E entre outras coisas que me disse, pediu que eu lhe fizesse três dons, e eu respondi: Senhor meu, eu sou todo teu. Tu sabes bem que eu não tenho mais nada além da túnica, do cordão e dos panos das bragas, e mesmo essas três coisas são tuas. Então, que posso oferecer ou te dar a tua majestade? Então Deus me disse: Procura no teu seio e me oferece o que encontrares. Eu procurei e achei uma bola de ouro, e a ofereci a Deus. E assim fiz três vezes, conforme Deus me mandou três vezes.” (Ch III)

Perante esta cena de tão profunda fé, tão puro amor, só consigo ficar maravilhada com esta entrega total que obteve a São Francisco tão grande felicidade.

2. Ideal e mensagem de São Francisco de Assis.

Ideal de São Francisco.

Continuando então o percurso de descobrir melhor a nossa vocação franciscana, pensemos agora no que a experiência e a vida de São Francisco representam para nos mostrar o que de facto foi o seu ideal. Reparemos que na maioria das ordens religiosas e movimentos, quando se passa do fundador para o movimento em si dá-se um processo de “despersonalização”.

Na Ordem Franciscana não é assim. Apesar de existir uma Regra e umas Constituições posteriormente acrescentadas, os franciscanos viveram sempre e vivemos ainda hoje fascinados pela vida e experiência do Pobrezinho de Assis. É a experiência de São Francisco que constitui o verdadeiro ideal franciscano.

Qual foi o ideal de São Francisco?

Não quis resolver problemas pessoais, nem resolver problemas da igreja nem da sociedade de então, nem criar três ordens religiosas, … nada disso. O ideal de São Francisco foi “observar o santo Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo”. Porquê e para quê? Voltamos à questão inicial: qual a razão de ser da Ordem Franciscana hoje?

E encontramos mais algumas respostas em São Francisco:

em primeiro lugar porque é Cristo quem nos chama hoje a viver o santo Evangelho! A seguir a Igreja, há 50 anos com Paulo VI e hoje com o Papa Francisco que escolheu precisamente o nome por se inspirar em São Francisco de Assis.

A resposta está na estigmatização no Monte Alverne.

Para São Francisco a felicidade era sempre o amor, numa identificação com Cristo.

“Chegou o dia seguinte, isto é, da santíssima Cruz, e São Francisco, de manhã, antes do dia, pôs-se em oração na frente da porta da sua cela, virando o rosto para o oriente, e orava desta forma: “Ó Senhor meu Jesus Cristo, duas graças te peço que eu me faças antes de eu morrer: a primeira, que em vida eu sinta na minha alma e no meu corpo, quanto for possível, a dor que tu, doce Jesus, suportaste na hora da tua acerbíssima paixão. A segunda é que eu sinta no meu coração, quanto for possível, aquele amor sem medidas de que tu, Filho de Deus, estavas incendiado para suportar, por querer, tamanha paixão por nós pecadores”. (Ch III)

Sabemos que o Senhor Jesus lhe concedeu a primeira graça pedida porque fisicamente muitos a verificaram. Eu tenho a certeza que Nosso Senhor Jesus Cristo lhe concedeu simultaneamente (senão antes) a segunda e que São Francisco “sentiu no seu coração aquele amor sem medidas de que Jesus, Filho de Deus, estava incendiado para suportar, por querer, tamanha paixão por nós pecadores”.

Resumindo: Adoração a Jesus Cristo.

Mensagem de São Francisco de Assis

 

São Francisco continua a ser uma figura muito querida dos homens.

A simpatia que franciscanos, não franciscanos, católicos, crentes e não crentes demonstram pela figura do Santo é um facto que constatamos ainda hoje.

Uns encantam-se com a sua vida de simplicidade e pobreza, o que lhe conseguiu o sobrenome querido e ternurento de “Il Poverello” – “O Pobrezinho”, “O Homem Pobrezinho”.

Outros admiram a fraternidade: a forma de ser irmão e considerar todos verdadeiramente irmãos; o modo de promover a Paz, o sofrimento com ódios, conflitos e guerras; a verdadeira estima por todos e a convicção de que todos os homens são bons; a compaixão pelos mais sós, mais tristes e marginalizados.

Outros ainda são atraídos pelo seu encanto com todas as criaturas, à natureza, à vida, ao mundo, numa gratidão permanente para com Deus e com todos. O sensível poeta do Cântico do Irmão Sol.

Para todos estes a mensagem de São Francisco de Assis é Jesus Cristo, Deus do Amor.

“Mas pela santa caridade que é Deus, rogo a todos os irmãos, tanto aos Ministros como aos demais, que, removido too o impedimento e posto de parte todo o cuidado e solicitude, do melhor modo que possam, trabalhem por servir, amar, adorar e honrar ao Senhor Deus com um coração limpo e espírito puro, o que ele sobretudo deseja.” (1R, 22, 26).

Irmã Maria de Jesus Fraga  OFS

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Venerável Ordem Terceira

AGENDA DA FRATERNIDADE

Abril

10 Abril 18h00 Reunião do Conselho
16 Abril ANIV. - ANTÓNIO JOSÉ RAMOS
19 Abril ANIV. - GRACIELA SIMÕES TOMÁS
20 Abril 14h30 Reunião da Fraternidade
22 Abril ANIV. - ISABEL MARIA M. MARQUES
28 Abril Festa – Beato Luquésio e sua Esposa, Primeiros Terceiros Franciscanos
28 Abril ANIV. - MARIA COSTA GONÇALVES
29 Abril ANIV. - MARIA BERNARDETE M. de SOUSA

Maio

03 Maio ANIV. - VALENTINA DUARTE PINTO
07 Maio 18h00 - Reunião do Conselho
11 Maio 10h00 - Reunião da Fraternidade Visita Fraterna em Ordem ao capítulo eletivo 13h00 - Almoço 16h00 - Eucaristia
21 Maio ANIV. - A. DO CÉU P. ROLETA PIRES
25 Maio Capítulo Nacional Ordinário
28 Maio ANIV. - MARGARIDA SA DANTAS
29 Maio ANIV. - ROBSON F. SILVA OLIVEIRA
30 Maio Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.
Procissão do Corpo de Deus.

Junho

03 Junho ANIV. - JOSÉ LUÍS S. ROMÃO
13 Junho Santo António de Lisboa, Doutor da Igreja (solenidade) PADROEIRO DA CIDADE DE LISBOA
19 Junho ANIV. - REGINA M.ª CORREIA REBÊLO
20 Junho 18h00 - Reunião do Conselho
22 Junho 14h30 -  Reunião da Fraternidade
28 Junho ANIV. - ANTÓNIO BELMAR DA COSTA

Julho

03 Julho ANIV. - M.ª INÊS LEMOS M. VINAGRE
04 Julho Bodas de Prata Frei Albertino Ordenação Sacerdotal
09 Julho 18h00 - Reunião do Conselho
13 Julho 10h00 -  Reunião da Fraternidade Capítulo Eletivo (horas a marcar)
15 Julho Festa – São Boaventura, Bispo e Doutor da Igreja (OFM)
16 Julho Memória – Canonização de São Francisco de Assis

Agosto

01 Agosto ANIV. - ISABEL COSTA M. ALVES
02 Agosto N. S. dos Anjos da Porciúncula: Indulgência Plenária - Perdão de Assis (veja com o seu Assistente como pode beneficiar desta Indulgência) MISSA NO HOTC hora a confirmar
02 Agosto a 15 Agosto Peregrinação da OFS a Itália
09 Agosto ANIV. - CARLOS PEDRO GÓIS
11 Agosto Festa – Santa Clara de Assis, Virgem, Fundadora, com S. Francisco, das Irmãs Clarissas
19 Agosto ANIV. - JOÃO CARLOS G. GANHÃO
23 Agosto ANIV. - MARIA DE JESUS FRAGA
25 Agosto Festa – São Luís de França, Padroeiro da OFS

Setembro

06 Setembro ANIV. - ANTÓNIO JOSÉ GONÇALVES
11 Setembro ANIV. - JOSÉ FILIPE DE B. RIBEIRO
12 Setembro ANIV. - MARIA ANA G. VELASCO MARTINS
16 Setembro ANIV. - JORGE RAPOSO DE MAGALHÃES ANIV. - LUÍS A. TORRES DE L. ALVES ANIV. - LUÍS MANUEL F. MARTINS
17 Setembro Festa das Chagas de S. Francisco    
29 Setembro ANIV. - MARIA S. CRUZ DE VASCONCELOS

Outubro

06 Outubro ANIV. - MARIA ELISABETE  S. SILVESTRE
10 Outubro ANIV. - P. Frei Albertino da S. Rodrigues,  OFM
21 Outubro ANIV. - ANTÓNIO MARIA BAIÃO

Novembro

01 Novembro Solenidade de Todos os Santos - Missa no HOTC
HOTC
Vaticano
Igreja Portuguesa
Família Franciscana
CIOFS
OFS Portugal
Fátima
Ecclesia
Jufra OFS