Francisco, Sofredor e Compassivo
No contexto das reuniões mensais da Fraternidade, momentos de encontro fraterno, oração e formação, e ainda limitados pela pandemia, reuniu a Fraternidade, via plataforma digital, para refletir e rezar, com a ajuda da Irmã Bernardete Sousa, sobre “S. Francisco, sofredor e compassivo”, o Homem todo abrasado pela identificação de Cristo que sofre por amor. Usando de uma apresentação em power-point, ajudou-nos a entrar e visualizar melhor a mensagem a transmitir e refletir.
O mote desta para esta formação foi a um trecho da terceira Exortação de S. Francisco quando ele diz que “se um irmão tiver de sofrer perseguições por parte de alguns, trate-os com mais caridade ainda por amor de Deus, pois quem antes quer sofrer perseguições que abandonar o convívio dos irmãos, esse vive verdadeiramente em perfeita obediência, porque dá a sua vida pelos irmãos” (Ex. 3, 8-9).
Depois, passando por alguns dos escritos do Santo, foi feita a reflexão que, a partir da dor e do sofrimento e do testemunho do Santo, nos levou numa espécie de viagem às Fontes Franciscanas.
Partilhar apenas o que nos fica da Primeira Regra de 1221:
O sofrimento em S. Francisco implica desde a origem:
- Acolhimento: “Quem quer que venha ter com os irmãos, seja amigo ou inimigo, ladrão ou salteador, deve ser recebido com cortesia” (1R 7,13)
- Solidariedade com os demais pobres: “ Devem os irmãos alegrar quando se encontram entre gente vulgar e desprezível, entre os pobres e fracos, os doentes, os leprosos e os mendigos dos caminhos” (1R 9.2).
- Solidariedade com Cristo pobre: “Nosso Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus vivo…foi pobre e sem abrigo, e viveu de esmolas, ele e a Santíssima Virgem e os seus discípulos” (1R 9,4,5)
- Cuidados a ter com os irmãos doentes: “Se algum dos irmãos cair enfermo, seja onde for, os outros irmãos não se vão sem deixarem com ele um irmão, ou mais, se necessário for, para o servirem como desejariam ser servidos (1R 10,1).
- A caridade acima da pobreza: “ em caso de manifesta necessidade dos leprosos, possam os irmãos pedir esmola para eles” (1R 8,10)
Desta forma ficou também a reflexão de que a solidariedade para com os pobres, onde o momento do beijo de S. Francisco ao leproso (2C 9) se torna tão marcante para entender e acolher o sofrimento como Dom de Deus e identificação com Cristo nos irmãos que sofrem.
Para S. Francisco e, por conseguinte para todos os irmãos e irmãs, a compaixão implica conversão e penitência, ambas de braço dado num caminho que tem como meta a salvação e identificação com Jesus, “o Amor não amado”, como dizia o Santo Pai.
Nos nossos dias a compaixão pode assumir três caraterísticas: Uma visão Cristã ou espiritual, uma delicada expressão de sensibilidade ou apenas uma polida manifestação de etiqueta social.
A penitência, como conversão, leva Francisco de Assis a uma autêntica conversão interior e exterior. Momento verdadeiramente significativo deste caminho, e corolário desta identificação de Francisco com o Cristo sofredor e compassivo, foi sem dúvida alguma o momento da Estigmatização no Monte Alverne, três anos antes de morrer. Pede o Santo que Cristo lhe conceda a graça de sentir na sua carne as dores que Ele sentiu no alto da Cruz e em prova desse merecimento Jesus aparece-lhe num Serafim com seis asas de fogo e imprime nas mãos, pés e lado de Francisco as Suas Santas Chagas. Chagas estas que desde as origens da Ordem Terceira, ao tempo dos Penitentes, figuraram sempre como emblema e bandeira dos Seculares Franciscanos.
No final, e tendo por reflexão o artigo 6.º das Constituições Gerais da Ordem Franciscana Secular, foi deixado o grande desafio de que os Franciscanos Seculares têm por obrigação, seguindo Cristo Ressuscitado, como membros vivos da Igreja e em obediência ao Papa, aos Bispos, aos Sacerdotes e aos Assistentes seguindo os passos de S. Francisco ser testemunhas e anunciadores do Amor que Deus nos tem, mesmo no meio do sofrimento, como viveu e testemunhou S. Francisco.
Depois foi aberto o espaço para a partilha de como todos sentiram o tema, darem as suas achegas e o Assiste, como é da sua missão, encerrar complementado ora o tema, ora as reflexões dos Irmãos. Foi uma boa partilha fraterna.
A todos votos de Paz e Bem!
Frei Albertino S. Rodrigues OFM
Assistente da Fraternidade