Irmã Maria Eugénia na Casa do Pai
Maria Eugénia nasceu em 1920, pediu a admissão à Ordem terceira de S. Francisco (OFS) na Fraternidade de S. Francisco da Cidade – em Lisboa – onde veio a Professar no dia de S. Francisco de Assis, no ano 1976.
Uma vida bem Consagrada à Vocação laical Franciscana, nos passos de S. Francisco, durante 46 anos. Os Irmãos que com ela conviveram mais de perto, testemunham a sua alegria em participar ativamente em todas as atividades e reuniões da Fraternidade. Era, dizem, uma presença constante e alegre. Nos últimos anos, apesar da idade avançada e alguma fragilidade, sempre que podia queria estar presente nas reuniões da Fraternidade. Revelava bem o que era para ela o sentido de pertença à Ordem Terceira de S. Francisco.
Com o apoio da Fraternidade publicou três livros de Poesia: “Sonetos”, “Meus versos dispersos” e Glória a Deus e paz na terra”. Abaixo partilhamos três desses poemas sobre S. Francisco, sobre Ser Franciscano e um que é um auto retrato da sua vida – Cem anos – por ocasião da celebração do seu centésimo aniversário.
Exerceu com muita alegria alguns cargos na Fraternidade e no nosso Hospital como Ecónoma, Responsável pela Casa de S. Francisco, pertenceu ao Conselho Fiscal da Fraternidade, entre outros.
Que junto de Deus, onde vive a Glória Eterna, ela interceda por todos nós.
Como atrás dissemos, alguns dos seus poemas mostram-nos a vida desta Irmã e como ela via a Vocação Franciscana. Em jeito de Homenagem aqui deixamos três dos seus poemas, que sempre dedicava à Fraternidade da Ordem terceira de S. Francisco da Cidade.
SER FRANCISCANO
Na minha simplicidade
aqui vou tentar dizer,
o que é ser franciscano
no meu fraco entender.
Quero dizer-vos, porém,
que em termos de Santidade,
me encontro muito aquém
de tão grande felicidade.
Descrever bem o que sinto
gostaria de saber.
P’ra chegar à perfeição
tenho muito que aprender…
É vida de penitência
caminho para a salvação.
Sem esquecer a paciência
nem tão pouco a ORAÇÃO.
Reconhecer a Jesus
em qualquer situação,
é por certo aceitá-LO
em toda a sua dimensão.
Se optares por ELE
e venerares sua imagem
és um cristão consciente.
Acolhes a sua Mensagem.
Para seres bom Franciscano
leva uma vida cristã.
Transmite-a a quem puderes
não guardas para amanhã?
Despoja-te da luxúria.
Dá tudo a quem precisar.
Segue o Evangelho e serás
Franciscano Secular!
Francisco, quando por terra,
sentiu-se sempre feliz.
Pois seguindo a Jesus Cristo
nada mais do mundo quis.
Se O tomares por guia
para o céu ele te conduz.
Em tão Santa companhia
louvarás o bom JESUS.
CEM ANOS
Duas palavras apenas
Que pequeninas embora,
São percurso duma vida
Bem gravadas na memória.
Éramos quatro irmãos
De todos a mais novinha
P’ra eles fui um brinquedo
Por ser a mais pequenina.
Assim foi p’la vida fora
Sempre em boa união
Mesmo depois de partirem
Sinto a sua proteção.
A vida tem destas coisas,
Só felicidade, não há!
O certo é que hoje ninguém foge
Ao destino que Deus dá.
Se viajar é um hobby
Dele bem me aproveitei…
Dos cinco continentes
Um apenas não pisei.
Eu não me posso queixar
Com sorte me considero.
Aproveitar o que resta
É p’ra já o que mais quero.
Bisei a maternidade
Dois filhos excecionais!
Se me perguntam, não sei
De qual deles gosto mais.
Tiveram um pai extremoso
Que deles tinha vaidade…
Já há muito que partiu
P’ra nós, ficou a saudade.
Também fui muito feliz
No capítulo da amizade
Sou amiga, tenho amigos,
Mas amigos de verdade.
Dizem que quem muito andou
Pouco lhe resta p’ra andar…
Estou disso bem consciente
E à regra não vou faltar.
Eu sei, e aqui p’ra nós,
Confesso que tenho pena…
Mas na hora da chamada
Partirei calma e serena.
(20 de outubro de 2020)
SÃO FRANCISCO
Ser franciscana é sentir
amor pelos pobrezinhos.
Dar-lhes tudo o que pudermos
suavizar os seus caminhos.
Pai Francisco, Pai Francisco
Tu que os franciscanos guias,
com o pensamento em Ti
quero começar os meus dias.
Tua vida de opulência
trocaste pela pobreza.
Foste na Terra um exemplo
de incansável grandeza.
Vivendo p’rá oração
desprezaste o que é terreno.
Com sorriso nos lábios
partiste calmo e sereno.
E porque sou franciscana
sinto em mim o dever,
de tentar seguir Teus passos
p’rás tuas, graças merecer.