Obrigado P. Costa Santos
O Sr. Padre Costa Santos deixou à Fraternidade da Ordem Terceira de S. Francisco da Cidade, ao Hospital da Ordem Terceira e à Casa de S. Francisco, um legado de mais de quarenta anos de incansável serviço, deixando-nos uma inigualável herança que é nossa missão fazer perpetuar no tempo.
Tenho tanta certeza de que todos nós, Irmãos desta Fraternidade, amamos esta nossa obra que se perpetua no Chiado há já, segundo a História, oitocentos anos, como também tenho a mesma certeza que muito poucos se lhe entregaram com o mesmo amor, intensidade e ardor como o Sr. Padre Costa Santos.
Esta foi e era a sua casa, embora aqui já não trabalhasse e nunca tivesse vivido. Por isso mesmo, num daqueles acasos que pouco tem de acaso, aqui quis vir na véspera da sua morte. No último dia completo da sua vida teve que passar no Hospital da Ordem Terceira. Veio-se despedir e, no fundo, com esse gesto, lembrar-nos e garantir que, daqui para a frente, agora junto do Pai Francisco, o Hospital, a Casa de São Francisco, a Fraternidade e cada um de nós vai continuar a contar com ele. Se com a sua vida desfrutámos o muito que nos deixou, com a sua morte, tenho a certeza, que ficámos todos mais ricos por saber que ele fez e continua a fazer parte da nossa vida.
Conheci o Sr. Padre Costa Santos há mais de 50 anos. Era amigo de casa dos meus pais e habituei-me a tê-lo presente nalguns momentos importantes da minha vida.
O Sr. Padre Costa Santos não descansou enquanto não me convenceu a abraçar a causa franciscana e a sua tão querida Ordem Terceira de S. Francisco da Cidade. Em boa hora o fez e estou-lhe muito grato pela sua insistência e grande resiliência. A mesma que mostrava depois de eu lhe dizer que os “salmos” me diziam muito pouco, quando começava uma reunião e olhando diretamente para mim desatava a recitar “salmos” atrás de “salmos”. Ele era assim. Teimoso na sua persistência, mas sempre com um humor finíssimo, esse humor e inteligência que tantas vezes me surpreendia quando por vezes me irritava com ele.
Confesso que comecei a sentir a sua falta quando propus que, pelo avançado da sua idade, fosse substituído como responsável espiritual da nossa Fraternidade. Sei que não gostou, mas também sei que, com a sua inteligência, ele sabia que era o melhor para todos. Custou-me fazê-lo, mas sabia que, pela amizade tão longa que nos unia, seria a pessoa mais certa para o fazer. Continuei seu amigo e tenho a certeza de que ele também continuou muito meu amigo.
Obrigado por tudo Padre Costa Santos. Devo-lhe muito. Devemos-lhe muito.
Até à Eternidade.
António Belmar da Costa
(Ministro da Fraternidade)