SEMANA SANTA
Semana Santa, ou semana maior da nossa caminhada litúrgica anual. Este ano com Celebrações presenciais – dado que em 2020 a pandemia mundial não o permitiu – este ano nova esperança.
Por um lado a esperança de que os muitos cuidados que todos vamos tendo, as ausências prolongadas que fizemos ao celebrar a nossa Fé fora dos espaços litúrgicos, nova esperança de que vamos vencer o tempo do deserto e todos juntos cantaremos as glórias de Deus na gratidão pelo facto de Deus nunca ter desistido de nós. O Seu infinito Amor derramado na Cruz é a prova inestimável de que Deus é o Deus que caminha connosco, o Seu Povo resgatado pelo Corpo e Sangue precioso de Cristo, como tantas vezes lhe chamava S. Francisco de Assis, e tantas vezes o fez escrever para que não nos esquecêssemos de tão grande Mistério de Salvação.
A Fraternidade iniciou a Quaresma com a Liturgia das Cinzas, quem pôde na nossa Capela, com a simbologia da penitência, tão querida a S. Francisco e que deu origem à Ordem dos Penitentes de Assis e mais tarde ao Terceiros da Penitência.
As cinzas lembram-nos também a morte de Francisco que, junto à Porciúncula, a capelinha da Mãe que ele tanto amava, quis morrer deitado, nu sobre a terra nua, para se lembrar e deixar como testemunho aos irmãos, de que “somo pó e ao pó voltaremos“.
Novo grande confinamento, durante esta Quaresma, levou-nos a aproximar através das mensagens e das transmissões das nossas Eucaristias através da internet para que todos pudessem vir à capela estando em outros lugares.
Esta foi uma quaresma muito especial na oração do Terço em Fraternidade, nas reuniões do Conselho e reuniões da Fraternidade com as respetivas ações de formação, também on-line. A Fraternidade viveu e vive este tempo unida e orante, na esperança de chegar às Festas Pascais na alegria de poder voltar ao convívio fraterno e às celebrações presenciais, com os devido cuidados que a situação pandémica ainda exige mas, esperança sim de que um novo amanhã está próximo.
É quase como este inico de Semana Santa, a Semana das Semanas, a Maior no quadro da nossa Liturgia Cristã, porque entremos como Jesus em Jerusalém das nossas vidas e quotidiano, levantamos os ramos e cantamos “Hossana, hossana, Ó Filho de David. Bendito o que vem em nome do Senhor”!
Caminhar com Jesus, ao jeito Franciscano, para estar mais unido a Ele em oração, em atenção aos Irmãos e aos que sofrem, para viver Eucaristia onde Ele se faz presente para nós, para sempre connosco nas “aparências de um bocado de Pão”, para caminharmos com Ele até ao Getsemani, o lugar da dor, do abandono, da traição, mas também da força que vem do Alto e que nos diz “tem ânimo…”.
“Fazei Isto em memória de MIM!”, disse Jesus antes da Última Ceia. Ali onde à mesa com os doze, que chamara para serem as colunas da Igreja, se despede não sem antes prometer que Ressuscitaria ao fim de três dias e de que os Apóstolos e muitos discípulos foram testemunhas, ali à mesa, ligar do encontro e da fraternidade onde Cristo promete estar sempre connosco ao repetirmos tão grande mistério do Seu infinito Amor por toda a humanidade e todas as gerações. A Última Ceia que em Eucaristia, a Igreja continua a celebrar e a perpetuar para que unidos no mesmo Amor sintamos sempre que Cristo não nos deixou órfãos. “Isto é o meu Corpo, Isto é o meu Sangue”, nós somos os Seu Corpo resgatado pelo Seu Sangue, Corpo unido ao Papa, aos Bispos e demais Pastores a quem a Igreja nos confia. Lavar os pés uns aos outros continua a ser o mandato de Cristo que o Papa Francisco tanto nos tem pedido e testemunhados ele mesmo com ações concretas.
Passar pelo caminho com Maria a Mãe dolorosa e o Discípulo amado, Verónica que enxuga o rosto, o Sireneu que ajuda, as mulheres de Jerusalém que choram, O centurião, os ladrões, os soldados e tantos tantos, uns que condenam, batem, cospem e gritam “crucifica-O” e outros tantos que se questionam “que mal fez este Homem” e, por fim naquela Cruz a palavra do Redentor “tudo está consumado“.
Lembrar que esta grade devoção à Paixão e Morte de Cristo nos vem de S. Francisco e que, ao longo de 8 séculos, os Irmãos Terceiros espalharam pelo mundo em “Alminhas”, Cruzeiros, Procissões, Altares, Cânticos de penitência e, com os frades a devoção à Via-Sacra.
Ser Franciscano e Terceiro/Secular é sentir bem forte este caminho com Jesus e Maria, ficar também na hora do silêncio, quando não entendemos os desígnios de Deus e confiar porque o dia da Ressurreição vai chegar a então compreenderemos tudo aqui que agora é vedado aos nossos olhos e ao nosso entendimento.
Esta Fraternidade da Ordem Terceira de S. Francisco da Cidade, pela sua Fé e pela sua tradição, continua a deixar-se conduzir por essa esperança do novo dia, do Aleuia Pascal, da alegria do túmulo vazio que nos faz correr, como Maria na manhã de Páscoa, como Pedro e João para o túmulo vazio, como os discípulos de Emaús de regresso para a anunciar “vimos o Senhor, reconhecê-mo-l’O ao partir do Pão”.
Que Cristo vivo e ressuscitado a todos conduza no caminho da Esperança que não tem ocaso, o dia da alegria plena em que cantaremos as glórias pascais, as glórias do ressuscitado.
A todos queremos desejar uma SANTA SEMANA SANTA E UMA PÁSCOA EM CRISTO VIVO E RESSUSCITADO.
Frei Albertino Rodrigues OFM
Assistente da Fraternidade